Da tragédia grega que virou russa, passando pela laranja que precisa de mecânico, uma revisão geral do Euro

26-06-2012 15:33

O Euro está a quatro jogos de terminar (duas meias-finais, terceiro e quarto lugar e final), e parecia ontem que tinham começado as reportagens sobre a seleção, as dúvidas de quem seria ou não convocado, os programas a apoiar a equipa lusa. Certo é que Portugal tem estado acima das expetativas e, agora sim, está no grupo da morte, no grupo dos semifinalistas que disputam um lugar ao Sol. Para trás ficaram jogos, golos, discórdia e sonhos tornados pesadelos, é isso que vamos recordar, uma retrospetiva global antes do fim da fase final do Europeu de Futebol Polónia/Ucrânia.

Grupo A – A tragédia grega que virou russa
O primeiro grupo a entrar em campo na prova pode-se dizer que foi o grupo que deixou as decisões para o último minuto, mesmo. Se a Rússia parecia lançada para uma campanha positiva no Euro (abriu o segundo jogo com uma goleada por 4-1 frente à Rep. Checa), algo que não se vislumbrou no fim do grupo. A equipa com as estrelas Arshavin, Dzagoev, Shirokov e Akinfeev, não carimbaram a passagem aos quartos-de-final com uma derrota no último jogo frente à Grécia, de Fernando Santos, que muito batalhou e, com castigados e lesionados, conseguiu mostrar que o futebol defensivo ainda é uma solução em torneios desta dimensão. A Polónia, anfitriã, juntava-se à Rússia no duo que, supostamente, iria passar, mas acabou com zero vitórias, desapontando os adeptos locais, sendo que se esperava muito mais  dos polacos que, se tivessem ganho o jogo contra os checos, encontrariam Portugal nos quartos, assim, ficaram pelo caminho, em último lugar com dois empates de uma derrota.

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Polónia 1-1 Grécia
Rússia 4-1 República Checa
Grécia 1-2 República Checa
Polónia 1-1 Rússia
República Checa 1-0 Polónia
Grécia 1-0 Rússia

 

 

Grupo B - Uma laranja que precisa de mecânico
O grupo, dito, da morte. Portugal tinha uma missão bastante difícil.  No seu grupo encontravam-se três seleções com palmarés no Euro e no Mundial,  sendo a seleção lusa a única a nunca ter ganho uma das provas. A Holanda venceu o Euro 88 realizado na Alemanha. A Alemanha, seleção mais rica em títulos, venceu os Mundiais de 1954 (na Suíça), 1974 (no próprio país), 1990 (em Itália) e os Europeus de 1972 (na Bélgica), 1980 (em Itália) e 1996 (em Inglaterra). Já a Dinamarca venceu o épico Europeu de 1992, na Suécia, onde foi repescada, à última hora, devido à expulsão da Jugoslávia. O grupo começou com a vitória dinamarquesa sobre a Holanda, um golo apenas serviu para mostrar que os holandeses não eram de outro mundo. A Alemanha bateu Portugal, também por 1-0, num jogo que iria ser o ponto de viragem da equipa lusa. No fim de contas, as contas, passando o pleonasmo, estavam complicadas, mas tudo se resolveu e a Alemanha, única seleção com vitórias no Euro, passou em primeiro lugar, com Portugal atrás, tendo vencido a Holanda, numa reviravolta emocionante, ficando pelo caminho a Dinamarca, que fez jogos bastante interessantes, e a Holanda, maior deceção do Euro, com três derrotas.

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Holanda 0-1 Dinamarca
Alemanha 1-0 Portugal
Dinamarca 2-3 Portugal
Holanda 1-2 Alemanha
Portugal 2-1 Holanda
Dinamarca 1-2 Alemanha

 

 

Grupo C – Croatas bateram o pé

Num grupo com dois favoritos, Espanha e Itália, houve uma terceira seleção que se impôs e que, por pouco, não conseguia apurar-se para os quartos, tendo o azar de ter o jogo decisivo contra a campeã europeia e mundial Espanha. A Itália, não mostrando um futebol muito bonito, mas sendo eficaz, conseguiu o passaporte para os quartos à custa da “outsider” República da Irlanda, a seleção de Trapattoni lutou e fez das tripas coração, mas o grupo era demasiado forte para competir, apesar disso, uma nota positiva para os adeptos irlandeses que apoiaram a equipa do inicio ao fim do torneio, sempre com alegria e boa disposição. A Espanha, tendo empatado o jogo inaugural, e causando “estranheza” a nível tático (jogando sem avançados), mostrou o porquê de ser uma das favoritas à conquista do torneio, um futebol trabalhado e bastante sólido que deu frutos e continua a dar. De destacar um dos melhores jogadores do grupo que, infelizmente, não pôde continuar, Luka Modric, o jogador do Tottenham mostrou toda a sua qualidade e elegância técnica, um jogador que procura jogo e faz jogar, algo raro hoje em dia, não é de estranhar todas as notícias de uma eventual transferência para um grande europeu, já neste verão. Também Mandzukic, avançado que fez três golos, deixa a curiosidade de ainda estar no Wolfsburg, um jogador bastante forte, rápido e inteligente na foram de jogar. A Croácia foi, portanto, uma seleção que fica pelo caminho mas que praticou bom futebol e mostrou que, se seguisse em frente, não era problema nenhum.

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Espanha 1-1 Itália
República da Irlanda 1-3 Croácia
Itália 1-1 Croácia
Espanha 4-0 República da Irlanda
Croácia 0-1 Espanha
Itália 2-0 República da Irlanda

 

 

Grupo D - A Suécia já chegou tarde ao Euro

No grupo onde estava a outra anfitriã da festa, eram duas as seleções que se sobressaíam, a Inglaterra que venceu o Mundial de 1966, onde Eusébio brilhou, e que queria mostrar que não é uma seleção apenas do passado, a par da sua congénere, e “rival”, seleção francesa que venceu o mundial de 1998, organizado por si, o Euro de 1984, também em casa e o Euro 2000, organizado pela Bélgica e Holanda. A primeira jornada juntou essas mesmas seleções que empataram a uma bola num jogo bastante bom para os espetadores, já a Ucrânia, mostrou o ar da sua graça ao vencer a Suécia por 2-1, um brinde do avançado, e que avançado, Andriy Shevchenko, sendo também os únicos golos marcados pela seleção da casa no Euro. A Suécia perdeu novamente, contra a Inglaterra, num jogo emocionante que pendeu para a seleção de sua majestade, deixando os suecos afastados da próxima fase, suecos que no último jogo “fizeram o que quiseram” da França e venceram 2-0, com um dos melhores golos do torneio, de Ibrahimović, que não chegou para mais. Já a Ucrânia lutava para a passagem aos quartos, coisa que não aconteceu, pois precisava de uma vitória e perdeu com a Inglaterra por uma bola a zero.

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França 1-1 Inglaterra
Ucrânia 2-1 Suécia
Ucrânia 0-2 França
Suécia 2-3 Inglaterra
Inglaterra 1-0 Ucrânia
Suécia 2-0 França

 

 

À procura das meias…

República Checa 0 – 1 Portugal

cristiano ronaldo 522 celebrating portugal victory against the czech republic at the euro 2012 quarter finals Da tragédia grega que virou russa, passando pela laranja que precisa de mecânico, uma revisão geral do EuroUm jogo que não podia ser de outra forma, Portugal dominou do princípio ao fim e garantiu com sucesso, apesar de apenas com um golo, a ida às meias-finais, quando muitos não apostavam na seleção das quinas nos quartos, imagine-se nas meias. A República Checa contou com Cech à baliza inspirado para tudo, menos para o cabeceamento fantástico do capitão português, Cristiano Ronaldo. Pouca réplica deu a seleção checa que, tendo sido os primeiros do grupo A, saíram do Euro.

Alemanha 4-2 Grécia

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A Alemanha, curiosamente, fez com que os representantes do grupo A não continuassem, depois de Portugal a equipa de Low mostrou o porquê de serem uma das melhores seleções do mundo, massacrando a Grécia que, na sua tática defensiva e sem alguns jogadores, marcou nas duas oportunidades que teve. Um contra-ataque e um penalti, que não permitiram um resultado mais dilatado, de tantas terem sido as ocasiões para os alemães.

Espanha 2 – 0 França

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Nunca é fácil defrontar a Espanha e foi o Laurent Blanc que o diga, tendo apostado numa tática defensiva, tentando anular os pilares espanhóis, a estratégia trouxe frutos não deixando Xavi, Iniesta e Silva mostrarem-se tanto, por exemplo, acabando pro ser Xabi Alonso, o homem mais recuado do meio campo, a marcar os dois tentos (um cabeceamento e um penalti) para a Espanha. Apesar de tudo o domínio foi espanhol e os franceses vão, novamente, para casa sem mostrarem nada de novo, tornando-se cada vez mais uma seleção “normal”.

Inglaterra 0 – 0 Itália (2-4 gp)

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A Inglaterra, tal qual aconteceu no grupo A, era a última sobrevivente do Grupo D, tendo também ela acabado por ceder. Num dos melhores jogos, apesar de não terem existido golos, do Euro as duas seleções batalharam, com alguma vantagem para a Itália,  para ter o seu lugar ao sol, acabando o jogo por ir para o prolongamento e, consequentemente, para os penaltis. Aí valeu o penalti de Pirlo, “à Panenka”, que correu mundo e a experiência de Buffon que defendeu uma grande penalidade, ao contrário de Hart, que tentou defender de forma exorbitante, tentando desconcentrar o adversário. A Inglaterra continua com a maldição dos penaltis, a Itália aproveita e vai encontrar a Alemanha nas meias.

Jogos:

Portugal – Espanha (27/06 – 19:45)

Alemanha – Itália (28/06 19:45)

Por fim, notar que a escolha da Ucrânia para organizadora do torneio pode não ter sido a melhor, entre roubos e violência, obras mal feitas e por fazer, são um ponto negativo para a UEFA. Também Platini, presidente da UEFA, teve declarações infelizes ao pedir uma final entre a Espanha e Alemanha, nada que fique bem a um presidente de uma instituição do cariz da UEFA. As tecnologias são algo que já devia ser usado há muito tempo, os árbitros de baliza para nada servem e viu-se, no jogo da Inglaterra contra a Ucrânia, numa bola dentro da baliza inglesa, não tendo sido assinalado golo, que podia mudar o rumo dos acontecimentos.

De aplaudir os adeptos, incansáveis que fazem do Euro um espetáculo.
JC (também em futebolportugal.clix.pt)